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Álbum de Bolso

  • Foto do escritor: Claudio Feijó
    Claudio Feijó
  • 7 de mai.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 10 de set.

Abrindo essa coluna no novo portal da Mobgraphia, acho que é muito importante a gente falar de duas pessoas especiais que são standards, que levantam uma bandeira e não deixam cair, que é o Ricardo Rojas e a Camila Andrade, dois queridos.


Bom....vamos lá....


O interessante é que quando surgiu a fotografia, perante a pintura, principalmente a pintura acadêmica, a fotografia libertou a pintura de ser retratista. Mas ela ficou num lugar muito, ..., vamos dizer assim, ... elitizado, porque era uma coisa que não era fácil de fazer. Você tinha que construir sua câmera, buscar as químicas, ampliar no começo. 


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Demorou um tempo até descobrir a filosofia, e a fotografia passou a ter um ponto de vista, tinha iluminação desejada, exposição, subexposição, filtros, truques, e aí começou a ser relativamente respeitada por algumas galerias, a ser exposta e começou a tomar um lugar, e principalmente, como no início, que era o que me parece ser o destino dela, muito ligado ao fotojornalismo, provar coisas que estavam acontecendo em lugares que você não estava. Então, você via fotos de um lugar que você não estava e ficava surpreso.


Com o tempo a fotografia foi se espalhando com a foto documental, de moda, a comercial, e era muito importante, a foto de enterros, de mortos, a derradeira documentação.

E com o tempo começaram a sofisticar demais os equipamentos fotográficos, que começou a ficar difícil de fazer fotografia.


Material fotográfico, LO, ASA, papéis de várias qualidades, texturas e graus de contraste. Alguns até uruguaios, dourados, prateados, e... coisas sofisticadas como molduras, e então foi para um ponto, até um pouco arrogante, se distanciando da massa.


Jorgman, Claudio Jorgman, é uma figura importante e original na fotografia brasileira, especialmente no que diz respeito à democratização do olhar fotográfico. Ele é reconhecido não apenas como fotógrafo, mas como alguém que pensava a fotografia de forma profunda, crítica, e com uma certa dose de provocação filosófica e existencial. Ele tentou em 1990, popularizar um pouco a fotografia. 


Ele inventou câmeras que funcionavam com chapas que eram entregues na loja, o “SWAP” e outras experiências quase “artesanais”, que desafiava os limites da tecnologia com criatividade.


A câmera SWAP era fechada, selada, e não dava para ter acesso ao interior, ao filme ou às configurações. Não dava para mudar ISO, abrir a câmera, nem escolher lente. Era o oposto da obsessão técnica que dominava a fotografia naquela época. Quando o filme acabava, você não trocava o rolo, entregava a câmera inteira numa loja conveniada, e recebia outra câmera já carregada com filme novo — daí o nome: "SWAP", que significa trocar, - para você continuar fotografando e gastando. 


Bem americano né, isso foi uma tentativa de popularização da fotografia, que ainda assim, era uma coisa cara, coisa de terceira ou quarta necessidade, e tudo era geralmente, documentação de festa de família. Não havia o cuidado, ninguém pensando em buscar ângulos diferentes, de pegar uma pessoa no momento tal...de fazer uma brincadeira, por exemplo.


Mas de repente, por um milagre, não sei, surge o smartphone.


Eu dei um salto na história né?! 


O smartphone trouxe a possibilidade de todo mundo fotografar, mas quando você fotografa e gosta de fotografar, você tem uma atitude de fotógrafo, e você começa a melhorar o que você está olhando, então, muitos falaram que com o smartphone, muitos fotógrafos perderam o trabalho. Mas não, não foi isso. 


Você fotografa e vê que não é simples fazer um bom trabalho. Por exemplo, num casamento, num batizado, você percebe que o smartphone não resolve uma qualidade de fotografia do “ponto de vista”, o que resolve é o fotógrafo, então, é ele que tem que se desenvolver. Mas as pessoas no geral tão muito presas numa estética antiquada, numa estética da fala falada, que todo mundo faz igual. Então uma boa foto é aquela que parece com aquela outra, igual aquele carro que parece com aquele com as lanternas, as frentes e cores tendências do momento.


Mas as pessoas estão se libertando disso, e o smartphone popularizou demais o “olhar”, porque o olhar é anterior à escrita, o olhar é primitivo, é o primeiro, inclusive a formação da nossa fisiológica, biológica e anatômica, começa com o “olho”, que é tão grande quanto o cérebro, e é uma coisa muito maluca.


Então é interessante mesmo “ver” nosso “olhar”, como um milagre que aconteceu, e agora, as pessoas podem andar em seus bolsos com seus álbuns, mostrar para as pessoas seus filhos, seus cachorros e viagens.


Como disse o menino cego que participou de um dos meus cursos: “um curso maaaaara. Eu brinquei e falei: você é cego e quer fotografar? como? Se ele mesmo não controla e não sabe o que está fotografando.


Aí um dos meninos falou: “não Cláudio, não é assim. Eu fotografo para minha família. A câmera fotográfica é o meu olho, que mostra aonde eu fui.


Eu fiquei calado. Eu não tinha mais nada que falar.


Salve, salve a Mobgrafia. E a Mobgraphia, com pH, também tão lindo, porque é exatamente como começou, foto e fotografia com PH.


Parabéns, para esses dois, esse casal lindo (Ricardo e Camila).


Claudio Feijó

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