Minha imagem é real?
- Neto

- 4 de dez.
- 1 min de leitura

Nos últimos dias, os grupos de fotografia voltaram ao mesmo ponto de sempre.
É só sair uma nova ferramenta de IA para a discussão sobre verdade ressurgir, como se estivéssemos abrindo o debate pela primeira vez.
A conversa repete o roteiro conhecido:
A IA não é verdade… a imagem não é real… isso não é fotografia…
Curioso: desde que a fotografia tomou o lugar da pintura como forma de representar o mundo, esse debate nunca avançou muito.
O equipamento muda, o processo muda, a circulação muda — mas a discussão segue presa na mesma ideia fixa: a tal da verdade.
E todo mundo sabe que nenhuma imagem é real.
Nem filme, nem digital, nem uma foto “crua”, nem uma foto “editada”.
Toda fotografia é recorte, decisão, eliminação, aproximação.
Toda imagem mostra uma parte e esconde outra. Nas minhas aulas, eu brincava com os alunos: se vcs estivessem numa praia maravilhosa mas com um cano de esgoto no meio dela, o que vcs fotografariam? Qual praia vcs mostrariam?
A IA apenas evidenciou algo que já existia: essa busca pela “verdade” sempre foi mais confortável do que consistente.
E talvez o debate volte tanto, justamente por isso.
Porque é mais simples discutir o que é ou não é verdade, do que encarar a pergunta real: o que estamos fazendo com as imagens que colocamos no mundo?



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