Quem termina a foto?
- Neto 
- 6 de out.
- 2 min de leitura

Por Neto.
Toda imagem nasce comigo, com a minha bagagem, mas termina no olhar de quem vê. Posso querer dizer uma coisa; o outro enxerga outra, completamente diferente. A mesma foto: dois ou mais mundos possíveis.
A leitura é sempre encontro entre a foto e a história de quem olha.
Faço fotos para mim quando preciso me expressar, colocar algo pra fora. Elas funcionam para eu me dizer coisas que talvez só eu entenda. Ficam como lembrança: foi assim que vi, foi assim que senti no momento da foto.
Faço para os outros quando acho a cena bonita. Coloco meu repertório, minha visão, meu momento — pensando na beleza plástica, mais acadêmica.
Ninguém lê igual. Ninguém tem o repertório! Uma imagem que crio que pra mim foi de despedida pode soar como começo para alguém. A janela que me lembra infância vira só reflexo para quem não tem essa memória. E está tudo bem: cada um traz a própria bagagem para dentro da imagem.
Outra questão que sempre me pergunto: Devemos colocar legenda? Nas fotos que faço para mim, eu gosto, porque ela fez parte da construção da imagem. Legenda muda tudo. Uma palavra pode abrir a porta ou fechar a foto. Textos longos, às vezes, resolvem o que seria melhor deixar na imaginação. Não gosto de textos longos; não gosto de legenda que explica a imagem. Estraga.
Também existe a foto que fica comigo. Não por timidez: por sentido. Às vezes ela resolve uma questão pessoal e pronto. Publicar seria abrir o que talvez eu não queira mostrar.
No fim, trabalho perguntas diretas: o que essa foto diz para mim? O que pode dizer para os outros? A legenda ajuda ou atrapalha?
E pra você: quem termina a foto — você ou quem vê? Você fotografa mais pra si ou pros outros?



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