Fotografia: com mel e fel
- Claudio Feijó

- 17 de set.
- 2 min de leitura

Por Claudio Feijó.
Preciso contar uma coisa séria para todo mundo que puder ler esse artigo.
A fotografia é uma mentira. A fotografia é um falseamento das coisas.
A gente tem a ideia de que está reproduzindo uma coisa daquela forma, ou do ponto de vista da gente, mas, na verdade, é uma mentira, às vezes mal contada e às vezes bem contada.
Sempre lembrando, que o que você quer fazer, a informação que você quer passar com a sua imagem, depende não só da sua autoria, mas também, do repertório do observador que vai olhar a tua imagem.
Então, se a pessoa que vai olhar a tua imagem é uma pessoa mais limitada, ela não vai conseguir interpretar num aspecto mais profundo e entrar numa leitura mais simbólica.
Já a pessoa que é muito aberta, que é muito profunda, às vezes lê a sua imagem muito mais do que aquilo que você tentou dizer. É interessante.
Isso faz do observador profundo, um coautor da sua imagem.
Então, você é autor? Você produziu?
Mas, se fotografia não for vista, ela não veio para nada.
E toda fotografia tem uma ideia política de transformação, de questionamento, de provocação da sociedade, onde a pessoa tem que refletir.
Então, você não tem de forma nenhuma fazer, entre aspas, “boas fotos”. A foto maravilhosa não é isso.
O que você quer colocar vai fazer com que a pessoa discuta com ela mesmo, o que ela pensa sobre aquilo, o que ela sente sobre aquilo.
Isso é um movimento que faz a pessoa transformar-se e transformar também, as pessoas que ela convive. Assim, você não tem que fazer fotografia com “açúcar nem mel”.
Pode fazer!
Mas pode também fazer “fotografia com fel”. Que é uma coisa que, muitas vezes, desmonta aquele modelo muito quadrado que nós temos da estética visual.
Então, vamos fotografar?



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