top of page

Depois do Disparo: da prata aos pixels — e além

  • Foto do escritor: Neto
    Neto
  • 22 de ago.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 10 de set.

ree

Nesta semana, 19 de agosto, foi o Dia Mundial da Fotografia. Boa hora para olhar o trajeto e perguntar onde estamos.

Desde Daguerre e Hércules Florence, a fotografia mudou de suporte, linguagem e alcance. A chapa virou filme, o filme virou sensor, o sensor coube no bolso. A cada nova tecnologia, a mesma pergunta: o que, afinal, estamos chamando de fotografia?

No começo era simples: a luz do mundo batia no material sensível e deixava um vestígio — grão de prata ou fotodiodo. A foto era o sinal de um encontro com o real. Hoje convivemos com imagens que não partem da luz, mas de texto e cálculo. São imagens, sim. São fotografias?

A Mobgrafia acelerou esse percurso: estúdio no bolso, edição junto do gesto, publicação em segundos. O processo virou fluxo — ver, captar, ajustar, mostrar. E, às vezes, nem captar: basta descrever e deixar o sistema gerar.

Por isso o Dia da Fotografia vale menos como nostalgia e mais como revisão de termos. Quando olho uma imagem, quero saber de onde ela veio: de um feixe de luz ou de um conjunto de dados? O caminho importa porque muda o que a imagem afirma sobre o mundo.

Transparência ajuda? Dizer que foi gerada por IA diminui a força ou apenas muda a leitura? A imagem criada pode emocionar, provocar, abrir ideias. A fotografia captada guarda outra potência: o contato com o que aconteceu. Não é hierarquia; é diferença de origem.

Entre uma e outra, o que permanece é a intenção. Continuamos escolhendo o que vale mostrar e por quê. A emoção — o que nos move antes e depois do clique — segue sendo o critério que a máquina não tem. É ela que transforma arquivo em memória.

Se a fotografia nasce da luz e a imagem de IA nasce do texto, onde essas duas linhas se cruzam? Quando um prompt descreve uma lembrança, de quem é a memória?

Comentários


bottom of page