Depois do Disparo: a importância da curadoria
- Neto

- 15 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de set.

Esta semana, seguindo o assunto de curadoria, quero falar sobre compartilhar. O mais interessante de ter uma coluna semanal é a conversa que nasce entre um texto e o outro. Na semana passada, o Breno Casagrande mandou um direct no meu Instagram dizendo que quase não publica nada do que fotografa. A mensagem me fez olhar o meu rolo de câmera: no iPhone e na nuvem, mais de 27.000 imagens; publicadas, cerca de 1.600. Ou seja: clicamos muito e mostramos pouco.
A síndrome do dedo nervoso, que comentei na semana passada, ajuda a explicar. Estamos o tempo todo olhando, registrando, descrevendo. Nem tudo, porém, pede foto, muito menos pede pra ser publicado. Há fotos que pertencem ao momento, à memória, à intimidade. Outras ainda não encontraram forma. Às vezes faltou intenção; às vezes o assunto não sustenta a distância do tempo. Compartilhar é também um gesto de curadoria.
Publicar não é despejar o rolo na timeline. É escolher o que vale ser visto e por quem. Quando mostro, assumo uma leitura do mundo; quando guardo, preservo a experiência para mim — e isso também é válido. Guardar pode ser cuidado, não omissão. A fotografia continua existindo sem a vitrine.
Pergunto então: por que compartilhamos? Para trocar, provocar, registrar um processo, somar a uma conversa. E por que não? Para proteger uma história, evitar ruído, permitir que a imagem amadureça. Entre pressa e silêncio, existe uma medida que cada um precisa encontrar.
A Mobgrafia tornou o ato de fotografar mais simples e presente, Sebastião Salgado até comentou que não é fotografia. O desafio agora é decidir o destino de cada imagem. Nem tudo precisa virar post; nem tudo deve ficar esquecido. Selecione, mostre quando fizer sentido, guarde quando for preciso. No fim, o critério não é a quantidade, é o sentido.
Fica o convite para a semana que vem: se publicar é escolher, o algoritmo escolhe com você ou por você?



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