Depois do Disparo: a importância da curadoria
- Neto 
- 6 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de set.

No primeiro texto desta coluna escrevi a importância da curadoria. Em uma era de “síndrome do dedo nervoso”, seja para fotografar, gerar prompts ou rolar o feed do Instagram, cresce a urgência de escolher o que mostrar e para quem mostrar.
O excesso não é novo, só mudou de escala. Estima-se que 2025 feche com cerca de dois trilhões de fotos. Quem lembra do contato de 36 fotos? Depois vieram pastas abarrotadas no computador. Agora o acúmulo fica na nuvem, invisível e infinito. Se tudo vira imagem, retorno à pergunta: o que merece permanecer?
Mas o que é curadoria (para mim)?
Curadoria é, antes de tudo, a arte de negar. É selecionar e organizar imagens para que uma ideia chegue clara a quem vê. É escolher a foto que traz sentido e, mais importante, deixar de lado as que não acrescentam. Não se corta por capricho; corta-se para construir significado. Quantas vezes descartamos a foto que inicialmente era que mais tinhamos gostado?
Num processo de curadoria entram critérios objetivos — relevância, qualidade técnica, coerência visual — e fatores subjetivos — intenção, emoção, contexto. Cada exclusão não é perda, é ganho de clareza. A foto que fica carrega não só luz e cor; carrega a decisão que a manteve ali.
Produzir continua essencial, mas selecionar virou estratégico. Não se trata de limitar a criatividade, e sim de torná-la legível. A curadoria filtra o ruído, destaca o essencial e oferece ao público um recorte que possa, de fato, ser visto, lembrado e compartilhado.
E, se hoje curamos imagens, na próxima semana convido você a pensar em quem — ou em que — anda curando o nosso olhar. Quando a inteligência artificial faz a triagem por nós, continuamos autores ou viramos espectadores do próprio feed?



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